segunda-feira, 8 de janeiro de 2007

II. Rainer Maria Rilke (5)


– XXVII (Zweiter Teil)

Giebt es wirklich die Zeit, die zerstörende?
Wann, auf dem ruhenden Berg, zerbricht sie die Burg?
Dieses Herz, das unendlich den Göttern gehörende,
wann vergewaltigt's der Demiurg?

Sind wir wirklich so ängstlich Zerbrechliche,
wie das Schicksal uns wahr machen will?
Ist die Kindheit, die tiefe, versprechliche,
in den Wurzeln – später – still?

Ach, das Gespenst des Vergänglichen,
durch den arglos Empfänglichen
geht es, als wär es ein Rauch.

Als die, die wir sind, als die Treibenden,
gelten wir doch bei bleibenden
Kräften als göttlicher Brauch.

– Versão Portuguesa

Existirá de facto o tempo, o que destrói?
Na montanha em repouso, quando desfaz o burgo?
E o coração? – Sempre dos deuses foi,
quando é que o violenta o demiurgo?

Seremos nós tão frágeis de ansiedade,
como o destino o diga, – ou nos iluda?
Será a infância, a funda, a promissora idade,
nas raízes – mais tarde – apenas muda?

Ah, o fantasma que o transitório habita,
atravessa o coração desprevenido,
como se apenas fumos que deslizam.

Quando o que somos, se nos precipita,
e às forças permanentes é servido,
como aquilo que os deuses utilizam.

Vasco Graça Moura

– English Version

Does Time the Destroyer really exist?
When, on the mountain, will it bring down the fortress?
When will the demiurge overpower this heart
that belongs to the infinity of the gods?

Are we really so frightfully fragile
as Fate would have us believe?
Does the promise of childhood, the depths,
remain later quiet in the roots?

Ah, the ghost of that which is transient;
it passes through the guileless receptive ones
as if it were but a bit of smoke.

As that which we are, the driving ones,
still we are considered a custom of the divine
by the powers which do not change.


16 comentários:

Manuel disse...

Como diriam os Clâ..."a lingua inglesa, fica sempre bem..."

Jack disse...

Very beautiful Ric!?

Really!?

Now, you know what I mean, TALK TO ME!?

Your quiet friend J

lol

RIC disse...

Olá Manuel! Fica pois, sem dúvida.
Se estivéssemos no século XVI seria a versão em Latim que teria de «avançar»...
Quanto à portuguesa, garanto-te que é magistral! O que, diga-se de passagem, não é fácil na passagem do Alemão para o Português...
Abraço!

RIC disse...

Hello Joel! I'm glad you liked it!
Poetry should be part of our daily life: mankind would feel better and would become better! I'm sure!
I'll try to e-mail you this evening, but... I cannot promise it!...
I hope you're feeling better, dear friend! :-)

lampejo disse...

Eu acho que o tempo não destrói, nós que destruímos ou nos deixamos destruir. Digamos que o tempo amadurece...

RIC disse...

Olá Lampejo! Há um tempo que nos envelhece, que nos apaga a memória, que faz, desfaz e refaz o que é nosso, humano. Julgo ser essa uma pista de leitura.
Abraço!

dondon009 disse...

Beautiful poetry.... and you are so correct.

Poetry should be read, absorbed, enjoyed; and as you have so kindly done, shared.

Thank you,

DON~

RIC disse...

Thank you so very much, Don! I'm really happy you think so too.
Those guys, whom we call poets, feel and sense things in life and give them to us through words in such ways that by reading them we just think we know life better... And that's a good start indeed!
(Btw, I'm still wondering about what I could say about Paul & Rick... No easy task though...
I just thought you should know this.)
Best wishes! :-)

kevin disse...

Hola Ric,
Como estas hoy?

Me gusto la pintora (picture, i think it is the Spanish word!)

Have a great day,
Kev in NZ

FletcherBeaver disse...

Hey Ric, here's for the promise of a fabulously happy new year.
Long time no hear? I had the suspicion that I must have upset you some how, but I wasn't really sure how I could have. I hope I didn't. If I did, apologies to you.

Râzi disse...

Oi, meu lindo!!!

Desculpa o sumiço, mas vc sabe o porquê, né?

Bem ,estou arrumando um tempinho pra visitar os amigos!!!
Grande Beijo@@@

:D

RIC disse...

Hola Kevin! Yo estoy muy bien, gracias! Y tú? Me encanta que te guste la foto! No es una pintura (painting).
Que tengas tu también un dia muy bueno! Te deseo lo mejor!

RIC disse...

Hello, dear Christian! Well, it wasn't such a bad idea to drop by Melbourne after all! Thank you so very much for coming by!
Let's see if I can make 2007 better than the other... I'll do my best anyway!
Thank you for your apologies. I'm sure you can easily find that out if you want. But it's not important anymore. At least, not to me it isn't.
From the bottom of my heart I wish you all the best! :-)

RIC disse...

Olá Ricardinho! Eu sei, eu sei a razão da tua ausência! Desculpas desnecessárias!
Espero que esteja tudo a correr-te muito bem! E desejo-te as maiores felicidades! Tudo de muito bom! :-)
Abrações e beijões!

Anónimo disse...

Ric
sabes já que não percebo nada de alemão e temos algumas (salutares) divergências quanto à sua sonorização.
mas tenho de concordar contigo, embora de uma forma leiga, é claro, que não será fácil trancrever para português Rilke.
Mas Vasco Graça Moura é um caso à parte...

RIC disse...

Olá João! Ainda bem que gostaste do poema! De facto, a versão de Vasco Graça Moura é quase um milagre linguístico! Não creio alguma vez ter lido uma tradução do Alemão para o Português - e de um texto poético! - em que tudo «bata tão certo» como neste caso. Fiquei literalmente boquiaberto!...
Abraço!