terça-feira, 25 de setembro de 2007

Neerlandistiek in | Neerlandística em Portugal


«Een onzekere toekomst voor de neerlandistiek in Portugal
Nabije toekomst


De dynamische werkelijkheid van de neerlandistiek in Portugal verkeert in groot gevaar!
In Lissabon heeft de docent Nederlands te horen gekregen dat haar detachering aan het eind van dit academiejaar afloopt en zij wordt daarom geacht naar haar middelbare school terug te keren.
Haar vertrek betekent het einde van het docentschap Nederlands!
In het beste geval zal een docent aangetrokken worden die per uur betaald krijgt voor een eventuele vrije cursus.
Het gaat heel slecht met de Portugese universiteiten, met de Portugese ambtenarij en met de Portugese economie.
Er moet flink bezuinigd worden en de kans dat de contracten van de docenten Nederlands zonder slag of stoot beëindigd worden is heel groot.
Het einde van die contracten betekent het einde van de docentschappen. Het einde van de docentschappen betekent het einde van alle extra culturele en literaire activiteiten die zij organiseren.
Het universitaire onderwijs Nederlands in Portugal zal gereduceerd worden tot wat reeksjes taallessen binnen de talencentra die de verschillende faculteiten aan het opstarten zijn.
In korte tijd breekt men af wat we in veertig jaar hebben opgebouwd.
Als Nederlands uit het curriculum verdwijnt, zal dat voorgoed zijn.
En dat terwijl binnen de EU meertaligheid en kennis van de talen van de andere EU-partners als speerpunten worden gepresenteerd!»

Nieuwsbrief Internationale Vereniging voor Neerlandistiek, april 2007

Um futuro incerto para a Neerlandística em Portugal
Futuro próximo

A realidade dinâmica da Neerlandística em Portugal corre grande perigo!
Em Lisboa, a docente de Neerlandês foi informada de que o seu destacamento termina no final deste ano lectivo, pelo que deverá regressar à sua escola secundária.
A sua partida significa o fim da docência de Neerlandês!
Na melhor das hipóteses, um docente será contratado como tarefeiro, sendo pago à hora por um possível curso livre.
Muito mal vão as universidades portuguesas, muito mal vai o funcionalismo público português, muito mal vai a economia portuguesa.
Impõem-se poupanças, e é grande o risco de os contratos dos docentes de Neerlandês serem terminados sem apelo nem agravo.
O fim desses contratos significa o fim das docências.
O fim das docências significa o fim de todas as actividades culturais e literárias extraordinárias por elas organizadas.
O ensino universitário de Neerlandês em Portugal será reduzido a uns ciclos de lições de língua dentro dos centros de línguas que as várias faculdades estão agora a criar.
A curto prazo, destruir-se-á o que construímos em quarenta anos.
Se o Neerlandês desaparecer do currículo, será para sempre.
E isto enquanto na UE, o plurilinguismo e o conhecimento das línguas dos outros parceiros da UE são apresentados como pontas de lança!

Publicado na newsletter da IVN – Associação Internacional de Neerlandística, Abril de 2007

Tradução de RIC

Conheci o Instituto de Língua e Cultura Neerlandesas da Faculdade de Letras da Universidade Clássica de Lisboa por volta do final de 1976.
E, com ele, um dos docentes que mais me marcaram pelo seu estilo sedutor e envolvente de ensinar uma matéria – no caso, uma língua viva – e de tudo pôr em relação.
Falo do saudoso Professor Luís Crespo Fabião. Soube recentemente que já não está entre nós.
Aqui lhe presto a minha singela homenagem e dou testemunho do muito de muita coisa que com ele pude aprender ao longo dos quase quatro anos em que fiz questão de frequentar os sucessivos níveis do curso livre que ele sempre leccionou. Graciosamente.
É a sua obra de quarenta anos que os abutres de hoje – incultos avaros – pretendem destruir. O que será o ano lectivo que agora se inicia?
Independentemente de se ser estudante do curso oficial ou do livre, houve sempre lugar como bolseiros para todos os melhores nos cursos de Verão, quer na Bélgica (Gent, Flandres Oriental) quer nos Países Baixos (Breukelen, Utreque).
Se com o Professor Fabião aprendi essencialmente Neerlandês, aprendi também muito Inglês e Alemão e Latim e Grego e... Português, bem entendido, e, provavelmente, o melhor que de tudo isto me ficou: o intenso treino de tudo pôr em relação.
E nunca esqueci que informação não será nunca saber enquanto não for devidamente interiorizada, assimilada e posta em relação.
Bem-haja, meu bom Professor e amigo, onde quer que esteja!

Eterna saudade do

Ricardo


Divulgação

O romance De tweeling, de Tessa de Loo, exibido na barra lateral em representação da literatura neerlandesa, foi já publicado em tradução portuguesa de Ana Leonor Duarte com o título As Gémeas, pela editora Quetzal.

10 comentários:

Leo Carioca disse...

Existem professores dos quais nos lembramos pro resto da vida, né? Não importa quantos anos (ou décadas) se passem. São aqueles professores que souberam ser Grandes Professores. Não no sentido ´clássico`, mas no sentido de saber exercer a função de professor.
E acho que esse seu professor foi um deles, né?
Grande abraço!

Catatau disse...

Pois. Revolta. Conheço muito bem uma faculdade onde, só no fim do ano lectivo que passou, foram colocados na rua 38 professores. Sem vínculo à função pública. Sem escola secundária onde fosse possível continuar a fazer a única coisa que sabem: dar aulas. Foram colocados na rua e não têm rede. Têm filhos a estudar, casas a pagar e compromissos assumidos. São mais 38 a juntar ao arrolamento dos milhares do secundário que também andam por aí, escondidos, nas caixas dos hipermercados ou na reposição de produtos, por exemplo.

RIC disse...

Olá Leo!
Foi sim, meu caro, foi sim...
Além dos seus vastíssimos conhecimentos e da sua competência, havia uma muito simpática proximidade que parecia tornar tudo bem mais fácil e acessível. Tal como escreveste, foi um Professor com «P» maiúsculo!
Custa-me muito saber que a obra por que tanto trabalhou toda a vida corre o risco de ser reduzida a nada...
Este é um país de ingratos da pior espécie!
Não merece nada, porque nada reconhece!
Um abraço para ti também! :-)

RIC disse...

Olá João!
Não foi predisposto para gritar «Revolução já!» que decidi escrever sobre o meu Professor, a sua simpatia e competência e a sua obra de toda uma vida. Mas compreendo muito bem as tuas palavras, meu caro. Talvez bem melhor do que possas imaginar...
Embora saiba que as coisas não existem separadas, não gostaria de sair agora aqui à desfilada contra os poderes políticos. Não é, para mim, o momento. Mas voltarei à carga.
Se o poder está no dinheiro e o dinheiro está com os banqueiros nos bancoa, por que razão continuamos a votar em partidos que, afinal de contas, são todos iguais? Não seria melhor votar em bancos? Não é essa a derradeira lição do neocapitalismo selvagem?
Estou muito enojado por saber que um Instituto construído de raiz ao longo de toda uma vida, com tanta dedicação, poderá não «valer um chavo» para estes abutres repugnantes.
Um abraço!

Anónimo disse...

É assustadora a forma como querem que todo o ensino fique "básico".
O que interessa são os números de pessoas formadas, nem que seja à base do copianço para mostrar aos restantes países europeus. Quanto ao conhecimento, desenvolvimento cultural do individuo, isso não interessa nada. É triste.
Abraço

Leandro disse...

Ah, Ric... Os cortes na Educação por questões financeiras e/ou econômicas não são exclusividade portuguesa. Aqui no Brasil, em minha universidade, por exemplo, segundo um plano do Governo, temos muitos professores... Sabe aquelas típicas contas de economistas?: Existem duas galinhas e duas pessoas. O economista fará o impossível para provar que necessariamente cada uma das pessoas comeu uma galinha, mesmo que só uma dela o tenha feito...

Na UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), a modalidade Português/Hebraico da graduação de Letras foi cortada há pouco tempo. E, por mais que Português/Japonês tenha entrado, uma não compensa a outra, né!

Os planos/cortes/reestruturações educacionais nunca parecem ser muito sérios. São todos paliativos. Políticos adoram aparecer na televisão falando que as escolas estão sendo informatizadas. E daí? Do que adianta escola com computador se tudo o mais não funciona? Se não tem professor? Se muitas vezes o professor não é bem preparado?

No caso de vocês, com a União Européia, a coisa parece ser realmente chata. Pelo menos não podemos reclamar do espanhol por aqui: a cada esquina tem um curso de espanhol e toda universidade tem graduações. Hehehehehehhehhe

Beijos!!!

PS: Quanto ao seu comentário no meu blog, fico muito satisfeito que alguém entenda do que estou falando! Mas a minha resposta seria tão grande que acho que vou enviar um e-mail pra você! Hahahahahahaa

RIC disse...

Olá Bernardo!
Vou ser curto e duro!
Para dar uma mãozinha à última orgia de fundos estruturais (depois destes, acaba-se a mama!), este governo - cá para mim, podia ser qualquer outro, azul às riscas ou cinzento às bolinhas... - «inventou» a panaceia milagreira: computadores para todos de todas as maneiras! O dinheiro tem de ser gasto «de qualquer maneira»!...
Assim, professores vão para a rua (porque, se ficassem, a sua integração na carreira implicaria continuar a pagar-lhes, e o dinheiro faz falta para encher o c* a assessores ociosos às centenas - desmintam-me se tiverem coragem! - e a toda uma corja de analfabetos que se pavoneiam em frente às câmaras de televisão! Não sabem fazer mais nada! Nem uma frase em Português decente sabem construir!)... Dizia eu que os professores vão para a rua e os que ficarem que se amanhem: com mais alunos por turma, com mais turmas, com maior carga horária...
Porque, está visto, nas cabecinhas dos bem-pensantes, os computadores facilitarão tudo e mais alguma coisa! Mesmo que os alunos andem à pesca das letras no teclado por deficiente escolarização, isso não interessa nada! O importante é que Bruxelas mantenha a torneira aberta, que cá o dinheiro logo é canalizado para onde muito bem interessa... A alguns! Pulhas!
Um abraço!

RIC disse...

Olá meu caro Lê!
O teu primeiro parágrafo reflecte outra questão muito actual entre nós: a escandalosa manipulação de dados estatísticos para «enganar» Bruxelas e aquietar as almas intranquilas... Dava tudo para que portugueses como Almada Negreiros, Pessoa, Jorge de Sena, Natália Correia (só para citar alguns de uma longa lista...) estivessem vivos para zurzir esta choldra de politiqueiros de quinta categoria que nunca aprenderam na p*ta da vida que «o exemplo vem de cima» e se comportam da pior forma possível!
Quando Portugal nem sequer sonhava que seria admitido no então «Clube dos Ricos» (à época, CEE), já o Instituto de Neerlandês, sob a égide do Professor Fabião, funcionava em pleno e atraía um número muito significativo de estudantes! Se hoje há um número razoável de portugueses com alguns conhecimentos de Neerlandês é graças aos esforços do Professor que desenvolvia sistematicamente toda uma série de diligências junto dos governos e representações diplomáticas dos reinos da Bélgica e dos Países Baixos, no sentido de garantir cada vez melhores condições ao Instituto e aos seus estudantes.
Para quê? Pergunto eu agora. Para uma corja de brujeços que só pensam em cifrões deitarem tudo a perder... E ainda têm o descaramento de declarar como «grande prioridade a qualificação dos portugueses»...
Se eu fosse esperto saloio como eles, se calhar também me interessaria acreditar que sim!...

Quanto ao meu comentário ao teu texto, caro Lê, tive de ser sintético, senão... Acho que teria passado a noite a escrever um texto sem fim... Rsrsrs! Gostei mesmo muito! Parabéns!
Abrações e beijões desta terra «que faz que anda, mas não anda»... :-)

Special K disse...

Eu já nem comento as asneiras deste governo, teria que ser mal-criado.
Quanto ao livro é giro que ofereci-o recentemente à minha mãe. Nem teria reparado que era o mesmo senão tivesses traduzido o título.
Um abraço.

RIC disse...

Olá caro Paulo!
Concordo contigo em pleno! Foi a muito custo que dei as respostas anteriores sem me «desbocar»... Era o que me apetecia mesmo!
Que curioso! Li-o há já alguns anos e fiquei muito bem impressionado. É uma história empolgante da Holanda e da Alemanha de II Guerra Mundial, muitíssimo bem arquitectada e contada. Parece-me também (mas não tenho a certeza) que Tessa de Loo vive ou viveu cá em Portugal. O título do original é no singular («A Gémea»), mas são de facto duas irmãs gémeas as protagonistas.
Um abraço para ti também! :-)