domingo, 1 de julho de 2007

«Sables mouvants», Barbara


J'suis plus d'ton âge,
Mais t'as le goût à m'regarder,
Premier voyage.
Je plie le cou, sous tes baisers.
T'as poussé doucement ma porte
Refermée
Et tu m'as dit, en quelque sorte:
"Je voudrais t'aimer."
Et, dans le vide où je m'avance,
Un peu cassée,
Sans plus rien voir,
Plus rien savoir, rien écouter,
T'as dit "je veux"
Avec ferveur.
Tu t'es couché
Aux sables mouvants
Des amours condamnées.

Nos saisons ne sont plus les mêmes.
Tu es printemps
Je suis hiver
Et la saison de nos je t'aime
Pourrait nous mener en Enfer.

J'suis plus d'ton âge
Mais j'ai bonheur à t'regarder.
On fait voyage
Dans une vie
Recommencée.
Tu pousses doucement ma porte
Entrebâillée
Et j'ai tout le ciel en escorte
Pour voyager
Et c'est cadeau
De t'attendre, de te rêver,
Et c'est cadeau
Pour offrande,
Tous tes étés,
Et c'est cadeau.
Le jour se lève
Pour se poser
Sur les matins
D'un nouveau monde
Réinventé.

Notre saison est la même,
Toi le printemps
De mes hivers
Et la saison de nos je t'aime,
C'est la saison des Enfers.

Un jour, demain, je partirai
Sans rien te dire, sans m'expliquer,
Demain, demain,
Mais avant, que plus loin
Notre vie, à la dérive
Soit emportée,
Avant, oublions tout
Et partageons l'instant
De cet instant,
Ta vie, ma vie
Avant l'orage
Où tout s'éclate
Foudroyé.
Que l'on se fonde, se confonde
A nous aimer,
Fermons doucement notre porte
Et, cachés,
On aura le ciel, en escorte
Pour rêver
Et sans mémoire, plus rien savoir
Mais vivre
Juste l'instant de ce présent,
Le vivre,
Aux sables mouvants
De nos amours condamnées
Les saisons,
Qu'est-ce que ça peut faire?
On va s'aimer.

J'suis plus d'ton âge
Mais c'est bonheur de t'regarder.
On fait voyage
Dans une vie
Recommencée…

Já não tenho a tua idade, mas gostas de olhar para mim. Primeira viagem, e aos teus beijos inclino o colo. Empurraste de mansinho a minha porta encerrada. E de algum modo disseste: «queria amar-te». No vazio por onde avanço algo abalada, já sem ver nem saber nem ouvir mais nada, disseste «quero» com fervor e deitaste-te às areias movediças dos amores condenados.


As nossas estações já não são as mesmas. Tu és Primavera. Eu sou Inverno. E a estação dos nossos amores vai levar-nos direitos ao inferno.


Já não tenho a tua idade, mas é uma felicidade olhar para ti. Viajamos numa vida recomeçada. Empurras de mansinho a minha porta entreaberta, e eu tenho todo o céu por companhia para viajar. É um regalo esperar-te e sonhar-te, todos os teus Verões são um regalo e é um regalo o dia nascer para assentar sobre as manhãs de um novo mundo reinventado.

A nossa estação é a mesma. Tu – a Primavera dos meus Invernos. E a estação dos nossos amores é uma temporada nos infernos.

Um dia, amanhã, partirei sem nada te dizer, sem me explicar, amanhã. Mas antes que para mais longe a nossa vida seja levada à deriva, antes esqueçamos tudo e partilhemos o instante deste instante. A tua vida, a minha vida, a Vida. Antes da tempestade em que tudo estale fulminado, fundamo-nos e confundamo-nos, amando-nos. Fechemos de mansinho a nossa porta e, escondidos, teremos o céu por companhia para sonhar. E, sem memória, não saber mais nada, mas viver apenas o instante deste presente, vivê-lo nas areias movediças dos nossos amores condenados. As estações, que é que isso interessa? Amemo-nos.

Já não tenho a tua idade, mas gostas de olhar para mim, e é uma felicidade olhar para ti. Empurras de mansinho a minha porta entreaberta, e eu tenho todo o céu por companhia para viajar. Viajamos numa vida recomeçada.

Tradução de RIC

24 comentários:

Anónimo disse...

N�o teria tido forma de apreciar se mais abaixo n�o viesse a tradu�o. Obrigada, Ric!
Soube-me muitoooo bem �viajar�, depois de um Domingo indolente...

Boa semana!
Beijinhos! :-)

(Um aparte: O impasse inform�tico persiste! Grrrr! Veremos se o coment�rio fica...)

RIC disse...

Olá Carla!
Pois é... Ficar, ficou, só que... Não sei se consegues ver que todas as vogais acentuadas se transformaram em... quadrados, tal como as aspas... Coisa mais estranha... Terás inadvertidamente desconfigurado alguma coisa?
Ainda bem para ti, pela viagem e pelo domingo indolente! Faz sempre falta, de vez em quando, que nos entreguemos à mais santa preguiça.
Para ti também, uma excelente semana!
Beijinhos!:-)
(ESpero que tudo se resolva depressa!)

kevin disse...

Ola Ric,
Your French writing is great and they are interesting words.

Sending you good wishes for the start of a new week.

Boa semana (you see i'm trying Portuguese!)

Kev in NZ

RIC disse...

Olá Kevin!
Well, dear friend, those are Barbara's words, not mine, of course. Mine are those of the translation into Portuguese...
She is one of the greatest French singers and stage performers ever!
I love her ever since I got in touch with her music in the late 70s.
Hope it's not so cold «down there»... Lol!
Hugs from Lisbon! :-)

Anónimo disse...

Barbara...Grecco...Brassens. Enfim, Paris, o apogeu do Quartier Latin, os "caveaux", Sartre e Prévert, sem esquecer Camus e a sombra de Cocteau...
Abraço.

Anónimo disse...

E já agora Gainsbourg e Ferré, ó 'sôr' Pinguim! ;)

r.porter disse...

Que delícia, meu querido!
Como já sabias não conhecia esta pérola mas, estou rendida aos seus encantos.
Sabes levar bem a água ao teu moinho, és brilhante!

Até ao nosso encontro,
Beijinhos!

Oz disse...

Cada vez mais, tenho a certeza que a vida é feita de momentos de felicidade, mais ou menos efémeros. Pena que nem sempre os aceitemos de imediato e que percamos tanto tempo a pensar nos porquês. E vai daí, às vezes, a oportunidade de sermos felizes passa e quando nos damos conta disso já é tarde demais.
Abraço.

RIC disse...

Olá João C.!
Menos, homem, menos! Se idto fosse acerca do Existencialismo, ainda vá lá que não vá... Mas é apenas uma canção da Barbara, ainda que muito boa!
Abraço! :-)

RIC disse...

Olá João M.!
... E o senhor vai atrás, não é?! As segundas-feiras são dias muito complicados, não é?...
Um abraço! :-)

RIC disse...

Olá minha querida RPorter!
Seja muitíssimo bem-vinda à minha Babilónia!
Ainda bem! E ainda assim, tenho muita pena de não haver um «vid» desta canção no YouTube... Seria ouro sobre azul vê-la e ouvi-la, sentada ao piano a cantar! Fabulosa!
Quanto a levar a água ao moinho, juro que faço por isso... Já quanto ao brilho, esse estará nos olhos de quem vê...
Até ao nosso encontro então!
Obrigado!
Beijinhos para ti também! :-)

RIC disse...

Olá Oz!
Ui, palavras que cortam como facas afiadas...
Quase 300 anos de racionalismo têm os seus custos, meu caro... À força de tudo querermos compreender e explicar e justificar, são mesmo as essências dos grandes breves instantes que nos passam ao lado... E quando nos apercebemos disso...
Mas já é muito bom ter consciência disso mesmo, creio eu... (Mas também não estou muito convencido...)
Uma óptima semana para ti!
Um abraço! :-)

Ainda mais por dentro...(rick) disse...

Bela canção!

RIC disse...

Olá, «Anjo Suburbano»! :-)
É, sim senhor, é uma belíssima canção! E se tiveres oportunidade de ouvi-la, não hesites! De certeza que vais gostar!
Um abração de Lisboa para a Cidade Maravilhosa! :-)

Luís disse...

O Gonçalo adora Barbara. Na sua ausência (está a trabalhar, neste momento) fico contente por encontrar aqui algo que mo traz a mim... Obrigado!

RIC disse...

Olá Luís!
Que linda essa coincidência! Se puderes, ouve a canção! A letra é muito bonita, sem dúvida - a mim diz-me muitíssimo porque também gosto de várias outras interpretações dela (Nantes, Göttingen, L'Aigle Noir...) -, mas não há como ouvi-la!... DEMAIS!
Em Portugal, «para variar», foi sempre muito pouco conhecida...
Um abraço amigo! :-)
Felicidades para os vossos planos!

Râzi disse...

Meu querido, acho que algumas línguas são mágicas em sua melodia!

O Francês é uma delas!

MAs acho que nenhuma supera o italiano!!!

Beijão!

lampejo disse...

Lindo Poema, gosto das "metafóricas", dos "antagonismos" ("Nos saisons ne sont plus les mêmes.Tu es printemps
Je suis hiver").
Abraço!

RIC disse...

Olá Ricardinho!!!
Acabo de voltar do Rio! Adorei a tua «reportagem» do fim-de-semana! És o máximo! :-)
Quanto às línguas, concordo contigo, apesar de ter também outras preferências... O Francês é a língua do amor por excelência! O Italiano é a língua bela por excelência! Mas atenção: tem de ser o falar genuinamente florentino! Se for o romano, o napolitano, o milanês ou o veneziano já não são tão belos...
O mesmo se passa com o Alemão, mas isso fica para outro dia!
Abração e beijão, meu querido! :-)

RIC disse...

Olá Lampejo!
Ainda bem que te agradou! Se puderes ouvir a canção, não percas!
Esta mulher, em vida, foi quase uma deusa! ADORO-A!!!
Abraço! :-)

Special K disse...

Estranho há uns dias também me aconteceu o mesmo num comentário, todas as palavras acentuadas ficaram assim.
Confesso que nunca tinha sequer ouvido falar desta cantora, vou ter que investigar. mas a letra é realmente muito bonita.
Um abraço.

RIC disse...

Olá Special K!
Parece que estas máquinas são insuportavelmente caprichosas... Quando lhes dá o amoque, nada a fazer. Eu que o diga, pela péssima experiência entre Fevereiro e Maio... Para esquecer...
Quanto a Barbara, tenho-me interrogado sobre o facto de ela ser conhecida apenas por um escol de «romanistas» amantes da língua e da cultura francesas. Foi aliás uma professora de Francês que nos «apresentou»... Mas não faço ideia por que razões ela nunca foi divulgada entre nós... Outras e outros da mesma geração são nomes bem conhecidos.
Ainda bem que gostaste, meu caro! A canção é um autêntico «frisson»!...
Abraço!

Luís disse...

(Muito tempo depois:) Obrigado, Ric!

RIC disse...

Não tens de quê, caríssimo Luís!
Abraço! :-)