Para concluir de vez este assunto – que se mantinha em aberto desde que, pela primeira vez, me referi aqui às Sete Maravilhas do Mundo de Hoje, em 4 de Novembro passado –, deixo aqui algumas notas que me parecem merecer o registo.
Eis as minhas escolhas aqui apresentadas em 20 de Janeiro transacto:
Mosteiro dos Jerónimos, Torre de Belém, Palácio da Pena, Castelo de Almourol, Convento de Cristo, Mosteiro da Batalha e Ruínas de Conímbriga.
Afinal, parece que a maioria só se lembrou do Norte por causa de Guimarães. Na minha lista, facilmente substituiria um dos não eleitos pelo Solar de Mateus, de Vila Real, ou pela Igreja e Torre dos Clérigos, do Porto, precisamente para que a lista fosse mais diversificada e mais representativa de uma maior riqueza arquitectónica. Sem estar a fazer qualquer favor ao Norte, ao Centro ou ao Sul, entenda-se. Mas a maioria votou de forma… entediante! Para não dizer outra coisa…
Mosteiro de Alcobaça, Mosteiro dos Jerónimos, Palácio da Pena, Mosteiro da Batalha, Castelo de Óbidos, Torre de Belém e Castelo de Guimarães foram os monumentos eleitos como as Sete Maravilhas de Portugal.
Monotonia? Muita.
Tradicionalismo? Muito.
Imobilismo? Muito.
Não faz sentido que o património construído nacional valorizável seja composto por apenas castelos e mosteiros. Certo é que a lista das 21 hipóteses iniciais é categorizável em três subgrupos arquitectónicos: militar e/ou defensivo, religioso e palaciano. Assim, a deficiência está na origem, não no fim.
Para mim, uma coisa são os símbolos identitários da nacionalidade, entre os quais há, naturalmente, monumentos; outra, bem diferente, são os marcos do nosso património construído, as verdadeiras jóias arquitectónicas.
Mas esta simples destrinça, pelos vistos, passou bem ao largo, qual caravela à deriva em mar borrascoso…
Às vezes, irrita-me profundamente que as nossas elites sejam tão estupidamente egoístas e tão desinteressadas do bem público!
Só parecem interessar-lhes as vulgaridades obscenas que alimentam as suas invejazinhas de trazer por casa.
… Mais uma foto para o volumoso álbum do "Portugal Mísero e Pindérico"…
RIC
quarta-feira, 11 de julho de 2007
As Sete Maravilhas de Portugal…
Editado por RIC às 02:22
Separadores: Crítica Cultural
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
22 comentários:
Concordo inteiramente contigo. Muita "mosteirada".
Os modos de escolha cá pelo "nosso canto" são sempre de "meia bola e força"... E depois dá o que dá.
Fez-me lembrar o "grande português"...
Olá Tongzhi!
«Isto» foi para acabar de vez com este assunto (pelo menos, na minha cabeça) que já andava a dar-me urticária...
Abomino o modo como tudo entre nós cai na sarjeta... E se transforma numa comédia de costumes imbecis...
Ora bolas, vão-se todos tremelicar!
Pela minha parte, encerrei o estaminé!
Fui!
Abraço! :-)
Oi, Ric!
Aqui no Rio os mosteiros (ou ´monastérios`, como algumas pessoas dizem) são até raros.
Tem várias igrejas palacianas que foram construídas na época do apogeu do Catolicismo Romano por aqui. Mas a maior parte delas, principalmente as do centro da cidade, ficam tão espremidas entre os prédios modernos que algumas nem são muito perceptíveis. Mas tem aquelas que tão separadas em posição de destaque mesmo, como a Candelária. Essa é literalmente um palácio. E há alguns séculos atrás, tudo o que tinha ali era um simples altar, hein!rs
Sinceramente as escolhas que fizeram não aquecem nem arrefecem.
Para mim todos os monumentos portugueses têm o seu lugar nas "mar5avilhas" por isso este tipo de eleição para mim não têm valor nenhum.
Ab
Ric: bem hajas!
Em relação às maravilhas mundiais, também estou desiludido. Mais do mesmo com politiquice turística à mistura. O que é que a Art Déco do Redentor (ou a torre parisiense) tem a mais do que o Generalife de Granada? Não me tira o sono, nem fico a chorar baba e ranho agarrado ao almofadão, mas... faz-me "espécie", pronto. ;)
Truely beautiful, beatiful buildings my dear Ric. Portugal has had some truely great architects and you should be very proud of them.
Kev in NZ
Confesso que não levei esta iniciativa muito a sério... Não porque a ache destituída de interesse, mas porque, desde o início, a entendi como um apontamento curioso que, muito dificilmente, teria representatividade. O resultado final confirmou as minhas suspeitas.
Grande abraço.
Olá Leo!
A minha «questão» em nada me opõe a igrejas e mosteiros, bem entendido! Até porque algumas/alguns são belíssimos e eu próprio tinha escolhido três (por razões diferentes, que então não especifiquei porque creio que qualquer um interessado sabe distinguir os estilos arquitectónicos e sabe que a janela manuelina do Convento de Cristo, de Tomar, é única no mundo inteiro).
O que mais me irrita é a visão da História à moda do Estado Novo, segundo a qual sempre que se fala do passado é forçoso enaltecer as grandes glórias da pátria!... Eu já estou farto dessas m*rdas de fantasias! Sejam objectivos em relação à História e deixem-se de aldrabices! Disse!
Abração! :-)
Olá Bernardo!
Compreendo o teu ponto de vista e concordo contigo. Mas se uma iniciativa destas é levada a cabo, então que ela sirva para alguma coisa, não? Ou somos assim tão ricos que podemos dar-nos ao luxo de atirar dinheiro pela janela fora, sem minimamente rentabilizar o desperdício? Por exemplo, o que é que foi dinamizado nas escolas?
Enfim, Portugal!...
Abraço! :-)
Olá João M.!
Tens razão, mau caro! Mais uma vez, eis que o poderoso capitalismo se mostra mais uma vez dono e senhor do «pedaço»... Até um dia, porque nada humano é para sempre! O género humano, na sua doentia sobranceria, nunca mais aprende que mesmo os cinco mil anos das pirâmides são uma gota de água no oceano do tempo...
Mas estou contigo também: posso indignar-me, mas o sono não perco! Ah não, de todo!
Abraço, meu caro! :-)
Hello dear Kevin!
Thanks a lot, dear friend!
Oh but I am, I truly am! I even live between two of the most beautiful monuments of Portugal - the Jeronimos Monastery and the Belém tower! Just two, three hundred metres away! They're my best neighbours!
The problem is an old one: authorities never plan things properly... Everything just flows with the wind... That's why I sometimes get so angry...
Um abraço, meu amigo! :-)
Olá Oz!
Pois... Se calhar essa é que é a atitude sábia... Nunca esperar mais do que aquilo que à partida já se sabe que poderá ser o resultado final...
Parece que nestas coisas continuo a ser um bocado (!) quixotesco... Já tenho idade para ter juízo e para saber do que é que a casa gasta...
Abraço, meu caro! :-)
Vi o programa, mas não vivi aquilo.
É claro que, como toda a gente, tenho preferências, mas no meio daquilo tudo, só 3 locais eram para mim, imprescindíveis, e estão lá, pelo que não me sinto totalmente insatisfeito; são eles, os Jerónimos, a Torre de Belém e o Palácio da Pena.
O resto, mais ou menos politiquice, mais ou menos regionalização, é-me mais ou menos indiferente, embora considere Sagres um "mamarracho" e goste muito do Solar de Mateus.
A apresentação do programa esteve francamente má, coitada da Marisa Cruz, ela é "boa" é a fazer outras coisas...
Abraço.
Olá João C.!
Ainda bem que consigo esquecer-me de que existe uma TVI em Portugal!... A... Marisa Cruz? A apresentadora?! Pronto, 'tá bem, agora está mesmo tudo dito.
Ou seja, tudo é sempre tão levianamente tratado pela rama que não há como levar certas coisas minimamente a sério...
Mas eu, às vezes, até parece que gosto muito de me enganar a mim próprio... É aquela minha ingenuidade que já não é ingenuidade: é imbecilidade! Devia era ter vergonha na cara...
Um abraço, meu caro! :-)
Concordo contigo, porque não nomear também a Serra do Gerês ou a Arrábida? Não são maravilhas de Portugal? Ou a Costa Vicentina e as paisagens magníficas do Alto-Douro que fazem parte da minha infância? E o Queijo da Serra não deveria ser património gastronómico da humanidade?
Um abraço.
Olá Paulo!
É claro que sim! Só que à partida se definiu que as 7 Maravilhas de Portugal seriam exemplos do património construído, o que de qualquer modo deveria ter dado origem a uma listagem inicial (21 exemplos) bem mais diversificada, sobretudo em termos em termos de subgéneros e de estilos...
Daí os meus 100 tópicos de cultura portuguesa! Parecem-me bem mais interessantes e diversificados...
Um abraço, meu caro! :-)
Já passou o dia 7 do 7 do ano 2007. Dia das 7 maravilhas do Mundo, das 7 maravilhas de Portugal...
... já devia ter aprendido a não criar expectativas. Tal como tu, posso danar-me, mas o sono não perco. Assunto encerrado!
Quanto ao espectáculo em si, deixa-me dizer que gostei principalmente de ver o José Carreras a desafiar as leis da física. Sabendo que a velocidade da luz é superior à velocidade do som, alguém me consegue explicar como é que o dito Senhor conseguia emitir um som e só depois de alguns segundos fazer os movimentos bocais respectivos?... Ou será o sistema de som do Estádio da Luz muito «p'ra frentex»?
Ok.. já me calei!
Beijinhos! :-)
Olá minha querida Carla!
Excelente crítica! Melhor ironia!
Só soube desse prodígio da tecnologia através da blogosfera... Um verdadeiro espanto! Só não me cabe cá na cachimónia (como não cabia ao bloguista amigo...) que José Carreras se tenha prestado a tal desprestígio... Transcende-me...
Tens razão: feitas as continhas, o 7 do 7 de 07 já lá vai, e com ele vão as ditas expectativas...
Como é hábito, a montanha pariu um rato. Qualquer dia, deveremos antes dizer que a cordilheira pariu uma pulga...
Beijinhos! :-)
Nas escolas, nada. Tencionam vender algumas, quanto mais dinamiza-las.
Ab.
Olá Bernardo!
Comentário certeiro e afiado! As escolas cada vez servem mais para aquilo que não interessa nada... Dinamizar comunidades escolares implica planear, e planear é uma seca do caraças! Dá trabalho até dizer chega!
Assim, fechem-se escolas e se houver algum problema, «depois logo se vê»...
Um abraço, meu caro! :-)
Olá meu querido,
penso que esta iniciativa visava mostrar Portugal ao mundo e no meio das escolhas assistiu-se a muita politiquice e falta de rigor.
Temos pena.
Quanto ao Carreras, estava mesmo a cantar em playback (fonte segura), tem de poupar a vozinha, meu amigo!
Quanto à Marisa só lhe digo
- Marisa, vai-te embora e vem cá logo.
Na actuação de J. Lo dá-se uma troca de microfones porque a primeira canção é só cantada e a segunda é cantada e dançada, precisa portanto de um microfone auricular, qualquer artista tem noção de timing e sabe que está a fazer esperar, a J.Lo sabe isso e foi falando com o público enquanto fazia a troca, entretendo portanto.
Mas a Marisa prefere queimar os segundos de paragem com o seguinte comentário:
- Bom, manias de vedeta!
Entretanto já é sabido porque razão no Porto não há maravilhas,
corriam o risco de serem chamadas de marabilhas e eles não acharam chique.
Ai Portugal!
Olá Minha querida RPorter!
É indesmentível que fazes jus ao teu nome! Parabéns e muito obrigado! As minhas «alergias» acabam por me deixar fora de algumas coisas que até é bom saber, reconheço!
Quanto aos cantores em geral, presumo que lhes tenham pedido participações «de boa vontade» ou então pago cachets simbólicos... Não sei nem quero ir por aí...
Quanto ao resto, faço silêncio. Não há já sector da vida nacional que não esteja inquinado por uma mediocridade insuportável! Como tu bem dizes, ai Portugal!
Beijinhos! :-)
Enviar um comentário