«Les présidents européens, Sarkozy en tête, ont annoncé samedi 23 juin que la construction européenne était sauvée et qu'un «traité simplifié» allait remplacer la constitution rejetée par référendum.
Pour les divers états européens, il s'agit toujours d'arriver à fabriquer une constitution qui permette à l'Union de fonctionner à 27. Mais les plus puissants d'entre eux, la France, l'Allemagne, la Grande-Bretagne, veulent que les décisions se prennent suivant un procédé qui, tout en donnant un aspect démocratique à la chose, leur permette de dicter leur loi.
C'est pourquoi la discussion achoppe essentiellement sur la façon de voter et sur la valeur obligatoire ou non pour tous les pays des décisions prises. Y aura-t-il un vote par pays ou un nombre de voix proportionnel à la population? Le «traité simplifié», comme le traité constitutionnel avant lui, prévoit un savant dosage calculé de façon à ce que l'alliance des pays les plus riches puisse bloquer toute décision contraire à leurs intérêts, mais imposer leur politique aux pays les plus pauvres… au nom d'un vote démocratique. Ce qui explique en tout cas que la Pologne, pays à la fois pauvre et peuplé de 40 millions d'habitants, ait tenté d'obtenir un mode de fonctionnement qui lui soit plus favorable, et que les réactionnaires et nationalistes frères Kazcynsky qui la dirigent aient pu trouver là un terrain de choix…
Peine perdue, c'est le mode électoral concocté par les pays riches qui s'appliquera… un jour. Car pour l'instant et jusqu'en 2014 (voire 2017) c'est le traité de Nice qui reste en vigueur. Et pour le moment, seuls des «principes» ont été définis. Aucun texte n'est écrit, ni accepté et encore moins ratifié.Les cris de victoire des négociateurs sont donc pour le moins prématurés et surtout à valeur intérieure, permettant à la presse française d'attribuer le «succès» à Sarkozy, la presse allemande à Merkel et la britannique à Blair…
Bien plus que l'opposition des «petits» pays, en particulier de la Pologne chargée de tous les péchés dans cette affaire, ce sont les rivalités toujours actuelles des grandes puissances qui entravent la construction européenne. Même d'une Europe au service des capitalistes.»
Paul Galois
Os presidentes europeus, Sarkozy à cabeça, anunciaram sábado 23 de Junho que a construção europeia estava salva e que um "tratado simplificado" substituiria a constituição rejeitada por referendo [França e Países Baixos].
Para os diversos estados europeus, trata-se sempre de conseguir fabricar uma constituição que permita à União funcionar a 27. Mas os mais poderosos – França, Alemanha e Grã-Bretanha – querem que as decisões se tomem de acordo com um método que, dando ao mesmo tempo um aspecto democrático à coisa, lhes permita ditar a sua lei.
É por isso que a discussão tropeça essencialmente na maneira de votar e no valor obrigatório ou não para todos os países das decisões tomadas. Haverá um voto por país ou um número de votos proporcional à população? O "tratado simplificado", como o tratado constitucional antes dele, prevê uma sábia dosagem calculada de modo que a aliança dos países mais ricos possa bloquear qualquer decisão contrária aos seus interesses, mas impor a sua política aos países mais pobres… em nome de um voto democrático. O que explica em todo caso que a Polónia, país ao mesmo tempo pobre e com 40 milhões de habitantes, tenha tentado obter um modo de funcionamento que lhe seja mais favorável, e que os reaccionários e nacionalistas irmãos Kazcynsky que a governam tenham aí podido encontrar um terreno de eleição…
Em vão, pois é o modo eleitoral engendrado pelos países ricos que será aplicado… um dia. De momento, e até 2014 (ou mesmo 2017), é o tratado de Nice que continua a estar em vigor. E por agora, apenas os "princípios" foram definidos. Nenhum texto está escrito, nem aceite e ainda menos ratificado.
Os gritos de vitória dos negociadores são por conseguinte pelo menos prematuros e sobretudo com valor interno, permitindo à imprensa francesa atribuir o "sucesso" à Sarkozy, à imprensa alemã a Merkel e à britânica a Blair…
Bem mais do que a oposição dos "pequenos" países, em especial da Polónia ajoujada com a carga de todos os pecados neste assunto, são as rivalidades actuais das grandes potências que obstruem a construção europeia. Mesmo de uma Europa ao serviço dos capitalistas.
E assim se vai titubeando em direcção a uma Europa que de unida tem muito pouco. Do meu ponto de vista, parece até que já esteve mais unida no tempo de Jacques Delors. De então para cá, é o que se tem visto…
Quanto à obsessão referendária, considero que a classe política – que se pavoneia pelos areópagos internacionais e se auto-intitula "actores políticos" (esta também Freud explicaria…) – pretende descartar-se das responsabilidades que lhe incumbem por inteiro e jogam com o facto de a maior parte dos europeus não só estar pouco informada dos verdadeiros e últimos desígnios da construção de uma Europa unida, como também pouco convicta da qualidade do trabalho feito em Bruxelas, digamos, nos últimos dez anos. Isto permite-lhes ganhar tempo e deixar ficar tudo mais ou menos na mesma… Em última instância, se a construção europeia falhar não será por culpa deles; serão os europeus que "não querem"…
A verdade é que, porém, o resto do mundo não pára, e a Europa vai ficando irremediavelmente para trás...
RIC
12 comentários:
E agora, nos próximos seis meses, em que se podia arriscar "fazer qualquer coisa pela vida", nickles. Temos é muita cagufa e uma reverência quase canina pelo 'kozy', mailo "pastor alemão".
A montanha do tratado vai parir um rato. E pequenino.
Olá João M.!
Não que me preocupe com a treta do «politicamente correcto», mas para já não quis ir tão longe. Porém, estou de acordo contigo: a nossa presidência vai ser «dirigida» por outros maestros que não portugueses... Mais um aspecto da fantochada...
Eu, que sou europeísta «avant la lettre» (já me considerava como tal na segunda metade de 70!) começo a ficar farto destas meias tintas...
Abraço! :-)
Estou muito preocupado com esta nova europa e com o nosso país.
Não sei para onde caminhamos.
Abraço
Olá Bernardo!
Creio bem que estamos todos preocupados, meu caro. A defesa de interesses nacionais - pequenos e grandes - a todo o custo inviabiliza quaisquer progressos em direcção a uma Europa unida, uma Europa dos cidadãos e não das multinacionais!
Abraço, meu caro! :-)
AHHHHHHHHHHHHH o Durão está mesmo a beijar a senhora alemã?????
O argumento dos polacos foi mesmo do melhor. Eu se fosse o Sócrates argumentava que se não tivessesmos perdido tanta gente a dar novos mundos ao mundo, hoje seríamos, no minímo 30 milhões
Coitados de nós....
Hola Ric
Que tal? L'article du Monde est tres interessante. Est-ce que je te pose une question? A votre opinion, tu preferes avoir vingt-cinq pays en Europe ou moins? Par exemple, beaucoup de pais en Europa sont pauvre (Hongorie, slovakie, bulgarie et romananie). Est-ce que il est progres avoir les pais pauvre en Europe ou non?
Kev in NZ
Olá Teddy Bear!
Excelente o estilo do teu comentário, meu caro! Adorei!
Quanto a essa foto, estive a um passinho de escrever a seguinte legenda:
«Não te ponhas a pau, não, Margarida!...»
Mas como a brincadeira desviaria as atenções do assunto menos hilário do tratado, achei por bem não a escrever...
Os polacos, muito compenetrados da consciência católica, consideram-se as grandes vítimas dos poderes históricos europeus. É sabido que foram vítimas dos russos, alemães e austro-húngaros, mas também mandaram umas boas centenas de milhar de Judeus para as câmaras de gás... Curioso como o homem «esquece» sempre o mal que faz...
E tens razão quanto à nossa diáspora: se vivêssemos cá todos, desde sempre, hoje teríamos uma densidade populacional igual ou superior à holandesa... Mas tínhamos de nos atirar ao mundo; isto aqui não chegava...
Abraço! :-)
Olá Kevin!
Yes, dear friend, your question is welcome! I'll answer in English, it's easier for me.
If the European Union excluded those poor countries - as Portugal was 20 years ago - from joining in, there would be no purpose at all in building a United Europe, would there? If a part of Europe were to remain poor and isolated, there would never be a truly peaceful Europe.
The main problem nowadays is that the former «historical» powers aren't willing to give up some privileges they've always had, even when they were no powers anymore... A matter of «image» perhaps? I do think so. No one likes to lose his face... So pride is also the issue here, I guess...
Have a great day, dear Kevin! :-)
Olá Ric!
Há muito que também me considero um europeísta, por formação e convicção, mas, confesso-te, tenho acompanhado com um certo cepticismo os últimos acontecimentos. Penso também que a a progressiva desinformação dos cidadãos, motivada por um certo desencanto é certo, mas também porque não há esse interesse, tem sido um terreno fértil para permitir o avanço desta "Europa Unida" com dois pesos e duas medidas.
Bom fim-de-semana!
Abraço.
Olá Oz!
Concordo contigo, meu caro! Creio também que o pecado capital de Bruxelas e de Estrasburgo é o gigantismo burocrático e tecnicista que obsta a que as verdadeiras mensagens necessárias à construção da Europa cheguem bem mais facilmente aos cidadãos.
Apesar de tudo, creio que muitos passos foram dados no bom caminho desde 1945. Só noutro dia me dei conta de que, por exemplo (entre outros igualmente «pesados»...), a França e a Alemanha foram acérrimas inimigas, ininterruptamente, de 1870 até 1945! É assustador!
Contra os dois pesos e as duas medidas, os «pequenos» terão de se juntar e fazer valer argumentos válidos e de peso, e não as tretas ridículas com que os polacos se armaram em vítimas (e aos cucos!)...
Bom fim-de-semana para ti também!
Abraço! :-)
Meu caro Ric
escrever qualquer coisa sobre a "Europa dos 27", neste momento, é muito difícil.
Os tempos mudaram muito, desde o Tratado de Roma, e também o número de países é hoje abissalmente maior e sobretudo comunga de diferentes pontos de vista; claro que a diferença maior é a que advém da diferença de "poder" de alguns países, com a Alemanha ( que perdeu as 2 grandes guerras do século XX), a comandar este pequeno mas poderoso grupo de países; depois vêm alguns países com menos poder, mas com população suficiente para se fazerem ouvir (Espanha, Polónia...); depois ainda pequenos países , mas com um desenvolvimento tão acentuado, que é de seu contributo que vem muito do dinheiro necessário aos "outros", entre os quais nos encontramos, claro.`
É um timing ideal para se equacionarem questões, já que Portugal é desde agora o país que preside à União, e a tarefa que lhe é incumbida pode até ser atractiva, se se puserem em acção mecanismos de consenso, que sei serem cada vez mais difíceis; mas não é impossível...
Seria importante para nós.
Uma constituição europeia, numa forma prática e eficaz é pràticamente impossível, pois necessita uma flexibilidade que um texto dessa natureza, dificulta, e muito.
Quanto à foto, acho que o Durão, à falta de protagonismo real, como político eficaz, lá vai mantendo aquele ar de "palhaço importante" de estar presente no meio dos grandes do planeta, como agora na reunião dos G8. Depois de Delors, ainda não houve um presidente da Comissão com carisma, nem mesmo Prodi.
Abraço, amigo Ric.
Olá João C.!
Obrigado pelo teu contributo!
Para ser sincero, não creio nem que os mecanismos de consenso possam ser aplicados pela «nossa» presidência, nem que uma constituição europeia seja impossível. Se o poder político se afirmar mais do lado dos cidadãos do que dos grandes poderes financeiros, talvez os cidadãos encontrem razões para acreditar numa real construção europeia. Enquanto os políticos forem títeres, nada a fazer...
Abraço! :-)
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