sábado, 15 de julho de 2006

Pela Suíça do Médio Oriente

Ligo o televisor para tomar o pulso ao mundo.
Um discurso político bem-intencionado é o separador entre novas imagens de ataques suicidas e bombas armadilhadas algures em Bagdade e as que me fazem sentir à flor da pele o pavor e o pânico dos civis de Beirute.
É cada vez mais forte a minha impressão de que é cada vez menor o poder dos políticos para resolver este tipo de conflitos. Parece-me que se limitam a ser correias de transmissão, meros porta-vozes de alguém que nunca dá a cara mas tudo pode.
E logo os mercados se alvoroçam. E logo o preço do crude dispara, acampanhando os disparos banais e repetidos um pouco por todo o Médio Oriente.
Num futuro não muito distante, a que campanhas de marketing e publicidade e a que patrocínios não terão de recorrer então esses políticos-executivos, executores das inefáveis vontades de empórios económico-financeiros (quase) anónimos, para convencer as massas de que continua tudo no bom caminho?... Triste exercício de imaginação.
E para os civis de Beirute, onde está hoje o bom caminho? Para os habitantes de Bagdade, há muito que o bom caminho está enterrado sob as areias do deserto.
Até quando continuaremos a prestar vassalagem à obscena materialice deste mundo, dona e senhora de todas as vontades e de todos os destinos?
É melhor desligar o televisor.

2 comentários:

Anónimo disse...

Pra dizer a verdade, a guerra no Oriente Médio nem tem como ter fim. Até por motivos culturais mesmo... Os povos que vivem ali estão divididos em grupos, que estão divididos em subgrupos. E todos eles, por questões históricas, religiosas e ideológicas, odeiam uns aos outros. Pra acababar com a guerra ali, teria que mudar todo o lado cultural deles, todas as tradições... Enfim, toda a mentalidade.
É claro que existe uma culpa muito grande por parte dos políticos em permitir que várias situações terríveis aconteçam ali. Não tô negando isso. Mas eu acho que esses problemas ali são gerados, em 1º lugar, por questões culturais mesmo.

RIC disse...

Obrigado pelo seu comentário, Carioca. Fico muito feliz!
Quanto ao peso atribuído a tudo o que diz respeito à cultura, creio que muitas vezes nos esquecemos de que no lapso de apenas algumas gerações muito - ou mesmo tudo - pode mudar. Basta acreditar que os povos existem neste mundo para viver. Nada mais. Tudo o resto são meros jogos de interesses, dos quais os políticos, hoje nas democracias ocidentais, são meros espectadores; quem dirige o jogo não dá a cara. Ou seja, é tudo uma questão de dinheiro, isso sim. Há já algum tempo que sei que a classe política não tem poder de decisão. De facto, são fantoches, manipulados pelo poder económico-financeiro. É daí que vem o perigo. Na Espanha do século XV viviam cristãos, judeus e árabes em perfeita harmonia, até os Reis Católicos cobiçarem o dinheiro dos judeus, pondo-os fora e confiscando-lhes os bens. E em Portugal aconteceu o mesmo, poucos anos depois. Serão necessários mais exemplos?
Um abração alfacinha! :-)
Volte sempre! É óptimo discutir qualquer tema, pois é daí que nasce a luz.