quinta-feira, 9 de novembro de 2006

Ana Sousa Dias e Vasco Graça Moura
















Anteontem senti‑me ufanamente Português!
Com um "P" maiusculíssimo!
Não me sentia assim há muito tempo, tão feliz e orgulhoso por me rever neste povo que somos e nas belas formas em que ele sabe dar frutos.


Tanta mediocridade por todo o lado tem‑me levado a pensar que "isto" não tem melhoras possíveis: fulano insulta beltrano que vilipendia sicrano que calunia fulano…

"Et tout est à recommencer!"…

Porquê esta minha mudança?

Simplesmente porque alguém me fez acreditar em tudo outra vez.
Obra de génio, sem dúvida, atendendo a que estou sempre de pé atrás…
Que sejamos um povo de mesquinhos invejosos é coisa que, apesar das evidências, me custa muito a engolir, confesso.
Porque gosto de ser Português.

Acredito que podemos ser muito bons e que podemos reconhecer que há entre nós gente de muitíssima qualidade e, sobretudo, que isso nos pode – e deve – fazer muito felizes.
O raciocínio – e o sentimento que o acompanha – são muito simples: se ele/a é muito bom/boa, se ele/a é muito melhor do que eu, só posso sentir-me muito bem com isso, porque ele/a é também um/a Português/Portuguesa.

E onde um/a brilha, brilhamos todos nós também.

Não confundir, por favor, com quaisquer tipos de nacionalismo bacoco ou patrioteirismo de arruaça!

Pois anteontem, inesperadamente, quando aguardava outro convidado anunciado na programação da 2: surge Vasco Graça Moura em frente de Ana Sousa Dias.
Dois Portugueses de quem muito gosto. Por razões bem diversas, entenda‑se.

Ana Sousa Dias é a profissional doce por excelência.

Mesmo desconsiderada por algum convidado (como, infelizmente, já aconteceu), ela é igual a si própria. Quanto mais a venho conhecendo através dos muitos "Por Outro Lado" que acompanho e que tento sempre não perder, mais a minha admiração cresce por esta Portuguesa que me prova com o seu trabalho que nem tudo entre nós é a mediocridade abjecta que nos pretendem fazer crer ser mais um fado a suportar.
Bem-haja, Ana!

Quanto a Vasco Graça Moura, que poderia eu "dizer"? Nada.
Exceptuando o facto de, politicamente, muito nos afastar, tenho hoje a certeza de que um inquestionável homem de cultura como ele é só pode ser razão de inegável regozijo para todos nós.

Para mim é!
E não apenas pela sua vastíssima e valiosíssima obra, que muitíssimo nos dignifica como Portugueses no seio da vasta comunidade cultural internacional, bem entendido. Mas sobretudo pela sensatez, pela sobriedade, pelo discernimento, pela franqueza com que falou de si, do seu trabalho, dos seus projectos, da sua vida de intelectual. Sem humildades imbecis nem arrogâncias idiotas, eis a prova provada de que se pode ser um Português de craveira superior sem qualquer necessidade de dardejar sobre quem quer que seja. Bem pelo contrário! Interrogado sobre os "novíssimos" da nossa literatura, não teve qualquer pejo em citar um () nome: o de Frederico Lourenço.
(Agora dardejo eu: cuidem-se os invejosos!)

Quem acompanhou a entrevista sabe do que estou a "falar". Quem não o fez, tente arranjar meio de a ver, de modo a não perder um excelente e raro momento de Cultura Portuguesa. Do melhor!


RIC

"Honni soit qui mal y pense!"
Ou seja, "Mal haja quem bem não cuida!"

Muito obrigado a ambos, Ana Sousa Dias e Vasco Graça Moura!

11 comentários:

kevin disse...

Portugal certainly has a lot of interesting history. How come you speak so many languages and how did you learn them?

In answer to your question, NZ is 11 hours ahead of you due to daylight saving hours.

I hope you are having a great day in Portugal.
Kevin in NZ

RIC disse...

Hello Kevin!
As a matter of fact, Portugal is one of the most ancient nations and states in Europe: it became an independent kingdom in 1143... I don't know how much available information in English there is about it on the internet, but I'm sure Wikipedia must have some basic entries about our History.
As to the languages I speak, it all began quite early; when I was about 7 with French, then English and German, finally Dutch. So I guess I learned most of them at school and in the university, and also «in loco» (in France, Germany, Belgium and Holland). I did travel about in Europe for a while... I guess I cannot complain about that...
If you check timeanddate.com you'll see the difference is not 11 but 13 hours! Lisbon and London have the same time.
Wish you too a fine day!

RIC disse...

Obrigado, Hairybears!
Boa sorte para vocês!

Anónimo disse...

Mais um aplauso!

Tenho acompanhado o trabalho de Vasco Graça Moura, que muito aprecio, diga-se. Ainda recentemente li um livro dele, que surpreendeu-me bastante pela positiva, obviamente.

Lamentavelmente , não acompanhei a entrevista :-(

Tal como tu, acredito que podemos ser muito bons!
São raciocínios e sentimentos assim, que ainda me fazem acreditar no Pai Natal...

Beijinho.

André disse...

Este teu post deixou-me triste, perdi outra entrevista que queria ter visto. Ainda no mês passado perdi a entrevista do Frederico Lourenço no Livro Aberto. Mais uma, é a vida...
Gosto muito da Ana Sousa Dias. Nas conversas com o professor mais famoso de Portugal ela parecia-me um bocadinho artificial, mas gosto imenso de a ver no Por Outro Lado.

RIC disse...

Muito obrigado, Carla!
A entrevista decorreu admiravelmente. Estou em crer que o VGM como pessoa melhorou com esta experiência europeia que começou em 1999. Aliás, um pouco como o Freitas do Amaral com a experiência da ONU. Cada vez estou mais convencido de que os «estrangeirados da cultura» fazem muita falta ao nosso país... Quem dera que houvesse muitos mais!...
Ainda bem que acreditas no Pai Natal! Já não me sinto tão sozinho...
Beijinho!

RIC disse...

Olá André! Lamento... Mas a 2: tem um esquema de repetições. Não estou a par, mas se consultares a página web talvez tenhas uma boa surpresa... Não sei.
A ASD é de facto muito boa! Um aspecto que muito aprecio nela é a naturalidade com que ela deixa transparecer algum pouco à-vontade com um ou outro entrevistado. Nunca é formal e raramente está tensa. Um verdadeiro espanto!
Quanto ao Frederico, estamos entendidos... VGM pôs de algum modo os pontos nos ii e indirectamente calou os invejosos.
Foi a glória da noite!
Um abraço!

kevin disse...

Hi Ric, You are very correct, We are indeed 13 hours ahead of you. I got confused which is something I regularly am :)

Do you ever get confused speaking or writing all those languages? I am very impressed. I am learning French and Spanish. Your English writing is perfect!

Kevin in New Zealand.

RIC disse...

Hello dear Kevin!
Well, I just checked the time difference because some days ago I left a comment on your blog at 3:30 pm in Lisbon and on your blog it was 4:30 am. So the website is correct... I just guessed.
As to getting confused, I some times do, of course... Especially in two languages, namely those, which have the strangest spelling: English and French. I think it was Dr. Samuel Johnson who in the 18.th century said that in English you write London and read Constantinople... But I think French is even worse: whenever I have to write in French lots of doubts come over me. And I've never managed to figure out a way to prevent it... Most frustrating! However, reading some French blogs recently I came to the conclusion that even French have great difficulties in writing their own language...
I believe my best help is my visual memory. Otherwise I'd be lost...
Thanks a lot, Kevin! Enjoy your spring!

Râzi disse...

Meu querido, é uma maravilha sentir-se bem com a nossa origem!

Aqui no Brasil esse sentimento é tão insignificantemente difundido pela população que chegamos a ser quase anti-patriotas!

Diferente dos outros países, que escondem o que têm de pior e valorizam suas qualidades, aqui cortamos na carne, mostramos a sujeira de uma forma quase auto-destrutiva...

BEijão, meu lindo!

RIC disse...

Olá Ricardinho!
Quanto a essa tendência para destacar os defeitos, não há como negar a sua lusa origem... Por aqui, o sentimento geral é bem semelhante, e eu próprio raramente me sinto assim tão empolgado como aconteceu ao ver esta entrevista.
Mas ainda bem! Não podemos nem devemos passar a vida a chorar fadinhos. Tudo o que é demais cheira mal...
Beijão «pra 'cê também»!...