(Chega à boca da cena e diz:)
Venho da terra assombrada,
do ventre da minha mãe;
não pretendo roubar nada
nem fazer mal a ninguém.
Só quero o que me é devido
por me trazerem aqui,
que eu nem sequer fui ouvido
no acto de que nasci.
Trago boca para comer
e olhos para desejar.
Com licença, quero passar,
tenho pressa de viver.
Com licença! Com licença!
Que a vida é água a correr.
Venho do fundo do tempo;
não tenho tempo a perder.
Minha barca aparelhada
solta o pano rumo ao norte;
meu desejo é passaporte
para a fronteira fechada.
Não há ventos que não prestem
nem marés que não convenham,
nem forças que me molestem,
correntes que me detenham.
Quero eu e a Natureza,
que a Natureza sou eu,
e as forças da Natureza
nunca ninguém as venceu.
Com licença! Com licença!
Que a barca se faz ao mar.
Não há poder que me vença.
Mesmo morto hei‑de passar.
Com licença! Com licença!
Com rumo à estrela polar.
António Gedeão
9 comentários:
Nossa! Você tem andado poético nos últimos posts, hein!rs
Um abraço!
É o Outono, Carioca, é o Outono... E são também já uns bons anos de convívio quase diário com literatura - poesia, ficção, teatro... A minha vida.
Muito obrigado!
Outro abração para ti, Carioca!
Τώρα, σε έχω περιλάβει, ευχαριστίες! Θέλετε της καλής πορτογαλλικής μουσικής; Τότε να αρχίσει θα μπορέσετε να ακούσετε με την πολλή ευχαρίστηση "Madredeus", Mízia, Mariza ... Θα σου κάνουν όλοι μια όμορφη έκπληξη!
I commented here before. Where did it go?
Soberbo!
Arrastada pela 'onda' poética...
"Daqui da noite que me cobre,negra
como o Abismo, e de pólo a pólo,
estou grato a qualquer deus,
seja qual for,
pela alma que sei ser invencível.
Na garra tão cruel da condição,
não pedi nada nunca vacilei,
e a cabeça, nos golpes do acaso,
ficou em sangue, mas não está curvada.
Depois desse lugar de choro e ira,
nada mais há: só o horror da sombra,
mas a ameaça dos anos, todavia,
há-de encontrar-me sempre destemido.
Não importa quão estreito é o portão,
quantos castigos são no pergaminho.
Sou o senhor do meu próprio destino,
Sou eu o capitão da minha alma.
Invictus de William Henley.
(Costumo começar pelo último quarteto, pois acho o melhor.Depois passo ao terceiro, que acho óptimo...mas e o segundo?...Bem, o melhor é recomeçar a ler pelo início...de modo que leio-o sempre duas vezes)
:-)
Sorry Minge, but you misplaced your comment, I think. I've read it and «answered» to it.
Como o poema é essencialmente descritivo, a tua estratégia de leitura funciona na perfeição e permite «ver» o que é descrito com mais atenção... Bom caminho!
Obrigado, Carla! Vou ter de fazer uma pesquisazinha, já que conheço mal a poesia anglo-saxónica.
(Devias ter um blog para mostrar «coisas» destas e outras. :-)
homens com crianças são sempre sedutores :-)
Olá!...
Sinto o mesmo e não encontro explicação... O melhor será mesmo não procurar.
Um abraço, NB! :-)
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