segunda-feira, 31 de julho de 2006

Vinícius de Moraes - Singela Homenagem

Ausência

Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos que são doces
Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto.
No entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida
E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz.
Não te quero ter porque em meu ser tudo estaria terminado.
Quero só que surjas em mim como a fé nos desesperados
Para que eu possa levar uma gota de orvalho nesta terra amaldiçoada
Que ficou sobre a minha carne como uma nódoa do passado.
Eu deixarei... tu irás e encostarás a tua face em outra face
Teus dedos enlaçarão outros dedos e tu desabrocharás para a madrugada.
Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu, porque eu fui o grande íntimo da noite
Porque eu encostei minha face na face da noite e ouvi a tua fala amorosa
Porque meus dedos enlaçaram os dedos da névoa suspensos no espaço
E eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu abandono desordenado.
Eu ficarei só como os veleiros nos portos silenciosos
Mas eu te possuirei mais que ninguém porque poderei partir
E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas
Serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz serenizada.

[To AUGUSTO and MARCUS with my friendship.]

4 comentários:

Anónimo disse...

Awwwwww
U r so cute!!!!
Thanks a lot!!!!

RIC disse...

You're so welcome, man! It's my pleasure!

Anónimo disse...

Wow. Beautiful. Thank you so much Ric!

RIC disse...

You're welcome, Augusto! I thought I should somehow try to compensate you for the amount of pacience you've offered me.
On the other hand, Vinicius's poetry lives in my heart, so sooner or later I would have to post about it.
I'm glad you liked it.