Phoenix reborn
A todos vós, as minhas mais cordiais saudações!
Qual pássaro renascido das próprias cinzas, eis-me de volta à blogosfera e ao nosso Universo. Finalmente! E com muita alegria!
Muitas e copiosas águas fluíram sob todas as pontes do mundo.
A Terra, no seu sempiterno rodopio, girou mais quatro (!) vezes em torno do seu bem-amado Sol, e eu com ela, entretanto, mergulhei de cabeça em mais uma dolorosa catábase que quase fazia de mim refém do Hades. Não sou Orpheu, não pretendia resgatar nenhuma Eurídice, mas atravessei anos de chumbo. E - admito-o hoje - bem poderia não ter regressado...
Uma crise aguda de psoríase é em si já um suplício que baste. Não poder usar as mãos nem assentar os pés é já tortura diária bastante para quem se vê aprisionado numa armadura de pele que teima em se renovar a uma velocidade desvairada. Mas o tormento é elevado à máxima potência quando há que sair do casulo doméstico para as consultas médicas e os tratamentos: ao virar a primeira esquina, alguém se cruza connosco, faz um esgar de repulsa e lança-nos um olhar de desprezo, como se estivesse a ser obrigado a partilhar o passeio público com um leproso... Tomar um transporte público é ideia ingénua, mas logo abandonada... Não fosse alguém lembrar-se de exigir a evicção... Um táxi terá de ser a solução, mais cara, é certo, mas bem menos deprimente. Entrar num café para uma bica e uma água (ao balcão!) vem-nos à mente já como uma vaga possibilidade ou um delírio inconsequente... E, pouco a pouco, sorrateiramente, a depressão vai-se assenhoreando de nós. Como resistir-lhe? Dificilmente. Tudo (ou quase) concorre contra nós. Sair de casa torna-se, pois, o desafio supremo que não queremos de todo enfrentar.
Apesar de todos os programas de televisão, de todas as reportagens, de todos os artigos de imprensa, de todos os dias mundiais da psoríase, de toda a divulgação médica, em regra os portugueses continuam iguais a si próprios: olimpicamente ignorantes e ferozmente discriminatórios. «Ah isso diz você, que não se pega. Sei lá eu?!» Eis a douta resposta que qualquer concidadão é capaz de formular. Cada vez é mais triste ser português...
E a depressão aprofunda-se. E leva-nos ao limiar da existência. E a nossa casa transforma-se na nossa leprosaria particular. E ninguém (ou quase...) quer saber o que lá se passa. E assim bem podem transcorrer meses, que depressa se acumulam em anos...
A salvação vem quando menos se espera. E de quem não se imaginaria. A surpresa boa tem o incrível efeito de contribuir de imediato para as melhoras gerais. E aos poucos vamos recuperando a nossa dignidade.
Just like a phoenix reborn, here I am back again. Finally! I never suspected it would take me such a long time to get better.
First of all – and before it slips my mind – I want to thank from the heart to all of you who were worried about me and left all those attentive commentaries. Thank you so very much!
I’m not yet sure whether I’ll be able to blog again as often as I used to, at least in the near future. I still have to undergo a series of time spending treatments. But I’ll do my very best. That’s for sure!
I hope you are all quite well and wish you all the best.
Best regards!
RIC